ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

quinta-feira, 31 de maio de 2012

378> DIAS MAIS AZUIS


Agora que todos se foram posso sair
Quando lembrarem já terei passado
O calor voltou aos meus dias
O vento só sopra para me lembrar
Das melhores coisas
Dos melhores dias

Ninguém na nova estrada
Não importa
O caminho é empolgante
Cheio de estrelas
Demandas vencidas
Contos de fadas
Olhos flamejam desejos
Cartas apagadas da mente
Em busca de dias mais azuis

Todos de joelhos na vila
Vamos
Para lembrar o dia que nascemos
Para homenagear os que se foram
Ou simplesmente para sorrir
Mãos na terra, cabelos ao ar
Eu juro que não me esquecerei disto
Pois conheço as constelações
E o caminho para casa


Recife, 31 de Maio de 2012
Fotografia = Pushkar Lake - India

terça-feira, 29 de maio de 2012

377> FIEL DEPOSITÁRIO


Meia luz no recinto
Paredes insensíveis
Um único espelho
Registra o que sinto

Tantos ventos já sopraram
Tantos anos já passaram
Lembranças se fundem
Confundem-se
Vejo sua filha a melancolia
Vidro estilhaçado na memoria
Um olhar seco e profundo
Esconde uma historia

Um acerto prévio com os Deuses
Com um aceno tudo se esvai
Eis aqui teu caminho
Eis aqui teu fel e tua gloria
Então sorria
Se foste o fiel depositário
De tudo que para ti reclamas
Se só tiveste exatamente
O que desejaste possuir
Lagrimas e risos
Sol e chuva
Exatamente para ti


Recife,29 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

376> FLORES DE INVERNO


Sentimentos exilados que moram em mim
Memorias de campos distantes
Outrora esperando o retorno
Minha luz ilumina o oceano negro
A estrela da manhã ainda não chegou
Tudo se faz trevas
Sem formas
Sem cores

A distante fumaça sinaliza a partida
O agora é um lapso da razão
Mas flores existem no meu inverno
Meus doces jasmins
Abrem-se só para mim
Amo-as
É só o que sei fazer

Abrigos seguros e isolados
Animais que hibernarão
A vida desacelera
Quase para
Botões se fecham
Folhas que caem
E a morte então
Sim, existe a morte
Tudo escrito no inverno

E eu que prefiro a chuva?
No sopro gélido do vento
Os poros em alerta
O corpo tremulo
Coração acelerado
A alma em brasa
E tudo queimando ao meu redor


Recife, 24 de maio de 2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

375> UMA OUTRA ESTAÇÃO


Inercia que se afasta da dinâmica do pensar
Poderes tão efêmeros que não existem mais
Luzes que refletiam imagens distorcidas
Luta vibrante onde fui o cavaleiro mais tenaz
Marionete neste jogo de ganhos duvidosos

Existe uma mortalha que alguns vivos vestem
Existe uma montanha de ideias para mover
Caminhos tão obscuros que não se pode ver
Valores irreais subjugam os puros e reais
Em meio a esse caos saibam que não estou só

Cai do barco antigo em aguas turvas
Mas fui logo amparado
Belos seres do mar
Novos mares cristalinos
Um sonho ou uma revelação

O tempo logo mudará outra vez
As tempestades em breve silenciarão
O céu estará azul aos sobreviventes
Aos que zelaram e cuidaram dos seus
Uma outra estação em outros mares


Recife, 24 de Maio de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

374> TERRA FIRME


Aqui estou enquanto as luzes se apagam
Mas ainda não era hora de dormir
Nenhuma gota cai deste céu tão cinza
Nenhuma lagrima provoca minha face
No diário escrevo o que isto significou
Sempre uma nova desculpa
Em partes

Entre a semente e o fruto o que se perdeu?
A dama do navio em chamas
Tenta atravessar o oceano
Muitas milhas onde eles zombam
Nas asas dessas noites infames
Onde cinco anos se queimam
Tao devagar

Nada vejo na linha do horizonte
Sem saudades das doces mentiras
Essa noite quero estar em paz
Bem vindo sou ao meu próprio mundo
Onde tudo prospera e a terra tudo dá
E sobre o meu amor pelo mar
Prefiro a terra firme

Recife(terra firme), 22 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

373> ESPAÇO-TEMPO DE TUDO

Onde esta meu mais profundo messias
Onde esta a Índia por onde peregrinei
Enquanto navegava por emotivos mares
Em que rochedos chocou-se minha esperança

As quadras escritas sempre foram claras
Olhos que tudo veem em um outro espaço
O que fiz e farei não se define no tempo
Pois nem para tudo existem arcanos

A morte agora segue o seu curso
As flores que nunca floresceram
Os sonhos que nunca se realizaram
Tudo se curva diante da nova vida

Assim é a chegada dos filhos dos filhos
No mesmo distante parto de estrelas
Entro naquela sala cheio de convicção
A adaga ritual e sei o que tenho de fazer

Mil e trezentos anos-luz desta esfera
Uma alma pronta se faz só espera
Nosso filho que chora a oportunidade
Que seja feito os designíos do alto

Novamente reconheço meu papel
Ajoelhado diante de tanta grandeza
Nascer e morrer se tornam efêmeros
Instrumentos de nossa transformação


Recife, 16 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

372> ECOS DOS OLHOS DE SITA


O que intentas ó filho de Ravana
Flechas ardilosas voam no éter
Onde nossos olhos não podem ver
Não lembras o destino dos teus
Esqueceste dos anos gloriosos de Rama
Quando os deuses viviam entre nós

A noite vem cheia de presságios
Durmo e acordo bem distante
Uma ghat banhada de sol
Um outro portal qualquer
Muitas vezes sem brilho algum

A confusão é só aparente
A coragem é iminente
Ouça os cânticos de vitória
Aquela voz, aquela voz.
Quem enfrentou o pior demônio
Usando um punhado de grama
Ajoelho-me diante de tua retidão

Agora nos tempos de ferro
Ecos de planetas distantes
Impregnaram meu atma
Nem mesmo as curvas de maia
Nem mesmo as retas do tempo
Obstruem este fervor
Pois vivi na época
Da beleza e pureza de Sita
E da nobreza de Hanuman
Agora posso ir em paz


Recife, 14 de Maio de 2012
Vedas, em seu maior epico Ramayana
aos interessados na retidão de sita e na importancia das pequenas coisa,
vide : Sita e Rama

domingo, 13 de maio de 2012

371> MAIS UMA VEZ


Não era minha intenção ter atenção
A mesa estava posta para muitos
Peras e morangos bem arrumados
Olhos famintos e a alma fervendo
Mas desta refeição não provei

Corri querendo ficar
De um lado para o mesmo lado
Fiquei quando quis fugir
Sempre, sempre do mesmo lado
Amanhã um novo sol brilhará
E não será mais o mesmo

Chame as crianças
Não quero mais brincar
Olha só seu rosto
Já vamos chegar
Nem sempre é fácil
Nem sempre é possível
Agora tanto faz
Só quero cair em mim mesmo
Vencer a guerra contra meu eu
Mais uma vez


Recife, 13 de maio de 2012

sábado, 12 de maio de 2012

370> LIMBO


Desagregar o universo com um toque
Permitir que tudo retorne ao principio
Sorrindo deixar tudo para trás
Chorando mesmo sem entender
E anos passando sob meus pés
Vida que se esvai sem você
Na cicatriz das ondas na areia
Efêmeras lembranças da maré
Enquanto tudo se parte
Tudo se rompe
Tudo deixa de ser 


Recife, concluido 12 de maio de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

369> A SETIMA ONDA DO MAR


Tudo soprava mais claro no ninho
A altitude serenava as sombras
A atitude amornava o sangue
Logo a vida se erguerá no horizonte

Tu que faz de mim um eterno peregrino
Força implicitamente explicita
Teu nome desconheço
Tua origem me é negada
E assim me conforto no sentir
Me realizo no sorrir
E todas as dores se tornam lei
Uma infância que não passa
Sublime paladar indescritível
Nessas ondas sou a espuma
Desta vida tão passageira

Gotículas de todas as coisas materiais
Seguem a gravidade do universo central
Bolhas de pensamentos leves flutuam
Ideias de tormento simplesmente afundam
Uma fada desenha a linha do céu
A mãe de todas as estrelas guias
Um senhor ordena o vento
Cavalgando na sétima onda do mar
E nós filhos dos filhos
Sangue do sangue
Rascunhos da perfeição
Nessa eterna ressureição


Recife, 11 de maio de 2012
Foto : Praia 02 - Morro de Sao Paulo

quarta-feira, 9 de maio de 2012

368> MONARCA


O por do sol agora avermelha-se ao longe
Quem ficou quando todos já partiram
Os ventos mais frios são o prenuncio
Inverno branco e mortal
Insipidamente monocromático

Mais uma noite jogada em alerta
Agua escorrendo entre os dedos
Areia contra a face
Mas bem lá dentro a alma velha
Sorri e gargalha ao reencontrar
A peculiaridade dos jovens
Tanta energia
Tanta audácia

Assim foi com a ultima monarca
Quando todos esperavam seu voo
As mais belas asas esquecidas do vento
Olhos tristes que aqui permaneceram
Dia após dia
Hora após hora
Desafiadora ate o ultimo momento
Descanse seus olhos linda borboleta
Não temos mais passado
Logo tudo será noite eterna
E sem palavras
Silenciaremos


Recife, 9 de maio de 2012
A historia da borboleta que não migrou
Link Imagem

terça-feira, 8 de maio de 2012

367> LUA VAIDOSA


Fui andar sozinho na praia
Sozinho?
Eis que vejo minha força derramada
A areia fria
Lençóis de prata
Cavaleiros invisíveis
Sereias presumíveis
Todo meu mundo maravilhoso
Maravilhoso

Quem me vê verdadeiramente?
Em meio a tantos olhos cegos
Sou o que sou só por hoje
Não vejo mais minhas pegadas
E a lua se enche de luz e se envaidece
Só para ser por mim apreciada
E porque não dizer amada
E porque não falar de amor

Vejo os castelos que teimas em destruir
Divago no plano sutil das construções
Onde tudo se realizará
Onde tudo se faz presente
Mesmo onde o tempo não importa mais
Pois tudo que existe ou já existiu
Sempre estará nos registros do universo
Mesmo que unicamente no meu
Pois o universo dentro de nós
É o único verdadeiro


Recife, 8 de maio de 2012
Foto: Lua em Rajendaprasad Ghat em Varanasi-India

segunda-feira, 7 de maio de 2012

366> ESTRELAS CADENTES


Fotografias em cores vivas
De um presente tão cinza
Fotografias empalidecidas
Testemunham nosso passado
Repleto das cores mais lindas

Em que mar distante navegas
Onde se abrigou tua alma
Que seres roubaram teu sorriso
Eu jurei trazer-te de volta
E cai diante dessa arrogância

Venho caminhando nessa existência
Trouxe candelabros das luzes do céu
Atiradas na terra sob o teu olhar
Marcas celestes do nosso reencontro
Assim como as nuvens que te falam

Sangue mostra o norte onde estou
Teu astrolábio nos mares da vida
Ou acaso sabes ler as estrelas?
Assim como soubeste do nosso passado
Ou tudo não passou de um sonho?

Recife, 7 de maio de 2012



 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

365> QUARTA PRAIA


Quando tudo parecia desolação novamente
Os pássaros voavam em silencio voluntario
As estrelas brilhavam para não serem vistas
Eu não precisava de toda essa distancia
Eu não poderia viver esta ausência

De mãos dadas casais felizes na quarta praia
Um corredor de pensamentos noite a fora
Palavras espadadas em ouvidos sem escudos
Fome, desejo, fome de si, desejo de ti
Questão de quem via e quem não via o que já se sabia

Crianças corriam na areia sem medo
Tempo de expor a criança que cresceu
E nos crescemos também
Mas ainda temos medo
No fim da noite mais um sonho para decifrar
No fim da vida alguns sonhos para lamentar
Amanha o sol nasce novamente
E no decorrer do seu sobe e desce
Também viveremos novamente

Cheio de mistérios
Eternamente gratos ao ontem
Que tudo se faça como antes
Como a mulher dos sonhos
Como o homem das cartas


Morro de São Paulo, 29 de abril de 2012