ECOS

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Chittorgarh-India

quinta-feira, 15 de abril de 2010

38> YOURU



Veste a roupa azul
No pavilhão dos pilares
Viaje sem se mover
Deixa que o globo gire

Tome o assento central
Pois o orvalho cristaliza
Escuta-me contar
Historias de outono

A aparente distancia
Dos nossos mundos
Desfaz-se do outro lado
De um único mundo

Ontem sonhei com Youru
E te vi de novo
Atenta como uma lebre,
Branca como a neve ...

Recife, 10 de fevereiro de 2009

37> TUDO QUE NÃO FOI

Um quadro envelhecido,
Do sono de uma menina...
E sopra o vento sul
Com meu jasmim e minhas amêndoas
Terna face de carne macia
Lar de amargos e idosos olhos
Abertura rasgada da alma
Memórias tristes a correr
Campos e estradas rumo ao norte.
Subo as torres do forte,
Procuro no longo horizonte.
Atingido pelo dardo do desprezo
Me atiro ao vento
Levado por algo que me chama
Na estrada solitária,
Nunca mais aquela voz !
Tudo que não foi...
Tudo que seria...
Tua duvida será tua algoz .


Recife, 7 de fevereiro de 2009

36> DIARIO DA SENTINELA

A luz interna superou
O mar das incertezas
Cartográficos e impotentes mapas
Caminhos explodiam em numero.
Toque o coração e feche os olhos
Só então, somente então
Tomaras a estrada única

Fortalecido ante a escuridão
O poder intrínseco da inocência
A fraqueza insípida da maldade
O isolamento inevitável do saber
A nivelação confortante da ignorância
Formas plasmadas, sua opção !
Torno-me senhor de si

Cautelosamente vigio os portais
Cheios de obscuros sofredores
Desejam emergir e invadir
Reservo-lhes o lugar secreto
Um profundo olhar milenar
Traça a fronteira imaterial
Entre os puros e os sombrios ... .


Recife, 7 de fevereiro de 2009
Portões dimensionais.

35> O LIVRO E OS LEÕES *



Rogava por cuidados urgentes
Onde foi deixado
Nas moradas sombrias
Soluços quase audíveis
Seres quase visíveis
A mais bela mentira
Obscuramente divino

Passos tímidos se aproximam
Ultima brisa fina
A noite se derrama em pranto
Nuvens escondem as estrelas
Fechos os olhos as sombras
Encaro Zeus e seus trovoes
Abro o misterioso livro

Fraterno, magnífico e supremo
Pesam no peito as verdades
Olhos que se inundam
Inicio o capitulo dourado,
Amanhecer do meu destino
Abandono meus desejos
No antigo portão dos leões


Recife, 5 de fevereiro de 2009
Inspirado em um sonho de infancia ...
Também postado na Fabrica de Letras

34> DEVA

O caminho leva ao lago
A neblina como cobertor
O dia espera para nascer
A voz feminina cruza o bosque
Na cadencia dos sinos
Oferendas a nova manhã

Vislumbro sua curva imagem
O aroma de jasmim invade
De joelhos em seu retiro
Acima do solo dos mortais
Ria-se de nossas duvidas ...
Enquanto dizia ...

“Ofereço-lhes o pão da vida,
mas não tens desta fome “
“Estendem as mãos
a quem não toca o chão”
“olha o teu todo,
e verás o nada ... “


Recife, primeiro de fevereiro de 2009

33> GUARDIÃO

A alvorada nasce em silencio
Tinge e ilumina o céu
Aquarela sublime e imutável
Ondas elétricas por segundos
Tão mágicos e imperceptíveis
Sou imerso em esplendor

O resto da noite se vai
Hunahpu alimenta o giro
Arma-se a lona do circo
Olho para toda parte
E a mecânica da vida prossegue
Melancolia em tom de tristeza

Aos poucos meio mundo se ativa,
Aos poucos meio mundo se apaga...
Agora que a fumaça pesa o ar
Entrego-te a uma manha de outono.
Agora posso dormir,
Após velar teu sono ! .


Recife, primeiro de fevereiro de 2009
Gosto muito desta !

32> DEUS

Meu deus não é bom nem mau
Meu deus não é claro nem escuro
Meu deus não tem forma
Meu deus não se chama deus
Meu deus não tem nome
Meu deus não escreveu livros
Meu deus não da ordens
Meu deus não criou infernos
Meu deus não condena
Meu deus não é, esta ou foi
Meu deus não tem povos
Meu deus não precisa de louvor
Meu deus não se importa se é acreditado
Meu deus não tem preferidos
Meu deus não é meu nem teu

A este deus atribuímos
Nossa imagem e semelhança
Nossas imperfeições e perfeições
Nossos sentimentos e emoções
Nossas palavras e idiomas
Nossas frustrações e expectativas
Nossos conhecimentos e ignorâncias
Nossas fraquezas e superações
Mas este deus não é humano
E este deus transcende a nos
E transcende o transcender

Meu deus posso afirmar
Que assemelha-se a vida e ao amor
E só posso afirmar
Por não saber ao certo
O que é a plenitude da vida ...
E o que é a perfeição do amor ...


Recife, 31 de janeiro de 2009

31> A QUEDA DO CÉU *

Cansado demais, repouso
Os fantasmas eram rápidos
A vida e fugaz,
Minutos procriam em frenesi
A cada hora insana,
Me sinto tão fora ...

A chuva densifica o ar que paira
Revive as memórias
A nevoa aveludada das nossas auroras
Papeis, personagens e mascaras
Nas gavetas da alma,
O diário de uma existência ...

A garota chorava na calçada
Alheia aos escravos cegos
Desejava a queda do céu
Então percebo o quanto:
Vivi aquelas vidas,
Morri aquelas mortes...


Recife, 29 de janeiro de 2009
A chuva sempre teve um efeito saudosista em mim, sinto saudades de algo que não sei o que seja... seria a vida que achamos individual um pouco coletiva ???
Também postado na Fabrica de Letras

30> IDIOSSINCRASIA ANGELICAL

E vens ate mim
Como um anjo arrependido
Deixa-me então :
Revelar-me nos teus olhos,
Parar de sofrer por desejos ...
Hora de retornar .

O gelo derretia no copo
No aconchego de um clube
Perdidos e unidos esta noite
Embriagados de emoção
Repito sua canção
Quase uma oração

Durma meu amor ,
Antes de te acharem
Estes que moram em ti
Os que congelam teu olhar,
Petrificam teus sonhos,
Odeiam minhalma incandescente

Fugir comigo esta noite
Trouxe-te sabor de liberdade.
Como chamas invisíveis
A corroer teus fantasmas .
Ieiazel e Mehiel juntos novamente,
Ate a ultima taça ...


Recife, 29 de janeiro de 2009

29> HACHATTA

Vi Hachatta no espelho
Números multiplicam as duvidas
Tudo intrinsecamente etéreo
Não senti emoção ...
Fui tocado pelo fogo
Agora um impulso incontrolável
Mas algo mundano ainda resiste
Sempre em Maia, sempre ilusão
O átomo se une e desagrega
Mas o elo persiste ...


Recife, 29 de janeiro de 2009