ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

terça-feira, 6 de abril de 2010

8> OS DIAS *

Os dias caiam como estrelas cadentes
Os anos saltavam , tão vorazes
Os círculos se fechavam e ruíam
Nunca acreditei na fatalidade do tempo
Ate dizer adeus

Não espero mais o amanhecer para dormir
Estou sempre onde sempre estive
Dormindo do outro lado
Tecendo os anos
Tentando

A realidade escapa aos sentidos
A vida , aquela vida ...
Doces promessas dissolvidas no terrivel crescer
Escuro , solitário , confuso , não , não ...
Em mim , em você

Lembra aquela manha ensolarada ,
No corredor de paredes brilhantes ,
Onde toda dor desaparecia ?
Agora aponto para o céu
Na cidade de dois habitantes
Você viu ?

Esta tarde para voltar para casa
Seja qual for a morada
Nem mais um beijo ? Eu ouvi ...
Sussurrado , rouco , desesperado ...
Caído lembrei que de fato nunca ouvi
Você dizer adeus ...

Recife, 4 de dezembro de 2008

Considero uma das mais belas expressões de uma saudade imensa, cheia de figuras unicas como : cidade de dois habitantes = Salvador , corredor das paredes brilhantes = corredor de entrada da emergencia do Hosp. Luis Eduardo Magalhães em Porto Seguro.
E a esperança sempre presente apesar das adversidades !

7> MOSTAR



DEVANEIOS DE UM POS NOITE
VENTOS QUE ALUCINAM
COMO A ULTIMA ROCHA DE MOSTAR
TEU ULTIMO OLHAR NA PONTE
ME PETRIFICA POR TODA UMA VIDA

EM TERRAS SO NAO ESQUECIDAS POR DEUS
PELA TOCANTE BELEZA INERENTE
TUDO OCORREU COMO UM SONHO
SANGUE JÁ RESSEQUIDO EM MEUS BRACOS
OLHOS TAO NEGROS QUANTO O TEMPO

ME ABRACE COM FORCA
ME BEIJE COMO A ULTIMA VEZ
ME DEIXE RAPIDO
E NOS FITAMOS
ATE O ULTIMO MOMENTO

Recife, 4 de dezembro de 2008

Sonhei com uma despedida nesta ponte medieval da Bosnia ...

6> HUITZILOPOCHTLI

VERDE , VERDE , VERDE VIVO
VERDE PALIDO
VERDE DENSO
FLAMEJANTE

O SOM ÚNICO DO CASAMENTO
DOS TURBULENTOS VENTOS E DA DENSA RELVA
RIVALIZAVA A ELETRICIDADE NO AR
A TENSAO HORMONAL DO CHOQUE

HAVIA VIDA ATE MESMO NAS PINTURAS
HIPNOTICAS , NEGRAS MARCAS CICLICAS
TEMIDA ATE MESMO PELOS JAGUARES
AGORA EM GUARDA , ALERTA

DIZIAZA-SE SER UM BOM PRESSAGIO
A TEMPESTADE ANUCIADA NO PRIMEIRO SOL
TUDO AJUSTADO , SINCRONIZADO
AO CHAMADO DO GRANDE GUERREIRO

Recife 4 de dezembro de 2008

O Deus colibri-azul da cultura Asteca, sempre pronto para acompanhar seus guerreiros no caminho da guerra ...

5> OS OLHOS DE HOSENFELD



ATRAVESSANDO O TREM DA MORTE,
O INVERNO DA SIBERIA
A LOUCURA DO INFERNO NA TERRA
OS FRIOS UNIFORMES DE CAMPANHA

AS CARTAS QUE ESCREVIA A MINHA ALMA
DIZIAM QUE PERDERIA A LUTA
JUSTAMENTE POR NÃO ENTENDE-LOS
AQUELES OS MEUS ...

VIVO A LEMBRANCA SUBLIME DO MEU RECENTE PASSADO
ME ESVAIO EM NEGACAO E DOR
MAIS PARECIDO COM OS INIMIGOS
MAIS DIFERENTE DOS AMIGOS

AJUIZO MINHA FOLHA CORRIDA
JÁ NÃO TEMO A MORTE , ESTA BENCAO
JÁ NÃO ME IMPORTO COM OS CHOQUES
SUCUMBO POREM AS MEMORIAS

IMOVEL, CONVULSOES, SUOR A BAIXO DE ZERO
QUEM SÃO ESTES QUE ME TORTURAM
OS HUMILHADOS PELO BRASAO QUE CARREGO ?
QUINZE MINUTOS ATE A PROXIMA DESCARGA

ESCUTO O FINAL DE NOTURNO
SONHO COM MEU MUNDO
SINTO O FINAL DE JULHO
TOQUE ATE O FIM DE TUDO..

Recife, 1 de dezembro de 2008

Cap. Hosenfeld onde quer que estejas receba esta humilde homenagem pelas inomináveis torturas que passaste em nome da justiça e do direito à vida ...

4> OUTUBRO

Amordaçado , a passos nem largos nem curtos
Exteriorizava minha tempestade ressoante
O céu que a tudo via, respirava forte
Chovia como se chorasse por nos
E pálido pedia pela noite ,
Prefirira não destemunhar
Mergulhar mudo no horizonte cinza
Perdido na invisível fronteira do ceu e do mar
Na cidade outrora ensolarada

Implacavel mar ,
Te perdi nas ondas
Que espumas roubaram teu olhar
Estática, lado a lado
Com sua alma se debatendo em si
Hora de partir ,
hora de deixar mais uma vez
meu coração partido
meus olhos perdidos
meus sonhos vazios

Recife, 24 de novembro de 2008

O primeiro encontro e o primeiro abandono em Salvador ...

3> AS FLORES DO MARIA LUCINDA

Via a vida passar no para-peito do Maria Lucinda
Via atravez das vividas flores
Vermelhas
Amarelas
A fumaça ,os carros , as pessoas
Tão perdidas
Paredes de concreto que construímos
Areia , plástico , combustíveis fosseis
Caos , caos , colapsos, colapsos

Indiferentes , ela vicejavam , lindas
Elas as flores
Chocadas , imaculadas
Nos e elas , elas e mundo
Torpe mundo , insano mundo , nosso mundo

Vi as flores me olharem no Maria Lucinda
Curiosas , tímidas , confiantes
Viram o que sobrou de mim
De nos humanos
Nosso micro mundo , nosso macro mundo
Micro caos , macro caos .

Senti vergonha delas as flores
Minha alma chorava em silencio
Em meio a tanta nobreza
Delas
Em meio a tanta pobreza
Nossa
Quieto calo e me retiro
Me retiro ...

Recife, 23 de novembro de 2008

Hospital Maria Lucinda o antigo Hospital Materno-infantil, da varanda desta casa podia ver pedaços do ceu cheio de estrelas e as flores queridas da irmã (freira) .

2> O ALTAR DO TEMPO

Havia sim certo receio ...
No tom lunar do desafio
No silencio voluntário
No obvio cansaço

Tudo tão claro quanto teu silencio
Tão obvio como a minha dor
Tão intenso quanto a morte
Breve como a vida

Levo de volta o que restou
Sobrou , ficou
Uma dor que feri os deuses
Tão presentes

Sufoco lentamente
Entrego nossos planos ,
Meus mais puros sonhos
Mais uma vez ao infinito altar do tempo .


Recife, 19 de novembro de 2008


Reflete um sentimento de abandono mas sem revolta e sim cheio de resignação, lembra muito aqulas situações onde entregamos tudo nas mãos de Deus ou do destino, talvez por não ter nada que possamos efetivamente fazer ...

1> O PODER

NÃO PUDE LEVAR-TE DA ULTIMA VEZ
AS VEZES SE PERDES EM VC MESMA
MAS UMA SEGUNDA VEZ TALVEZ
DESPENCO OUTRA VEZ
O QUE FAZEMOS TODA HORA
E SE EU A SEGUISSE ATE O FIM ?
PERDIDO EM MINHA DOR
PERDIDO EM TUA SOLIDAO
NAQUELE BANCO FRIO
MINHA ALMA INCANDECENTE
ASSIM NOS ENCONTRAMOS
ASSIM COMECOU O SONHO

SE ME PERDESSE VC ME ENCONTRARIA ?
SE TE PERDESSE EU ME PERDOARIA ?
TODA HORA
TODA HORA


Recife, 19 de novembro de 2008


Este foi o primeiro post após a decisão de iniciar um relato linear de todas as impreções, sonhos, desejos e anseios de minha alma e claramente alusivo a um grande amor ..