ECOS

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Chittorgarh-India

domingo, 6 de junho de 2010

175> MINHA LEMBRANÇAS IMEMORIAIS *

Cruzando as imagens de longicuos campos
Os olhos cansados não serviam ao intento
Não os mesmos olhos...

Rajadas eletrificadas e sutis tremores
As mãos não mais firmes
O semblante imóvel e fixo na imagem
Congelando os segundos tornados infinitos
Cinco sentidos e outros mais agora te servem
Em um aparelho preparado para esta natureza

E como um veio de água enchendo o solo
Sulcado e seco como as marcas da vida
A vida novamente apresentou-se no Oasis
Tomando cada gota de orvalho da noite
Transformando em suspiros uma a uma
As nuvens dispostas em mandalas
Não eram as únicas testemunhas.

E assim me fora revelado pelo mensageiro
A historia daquele momento imemorial
Fragmentado e jogado no sonho coletivo
A verdade em pedaços a cada noite...

Saber e fazer parte de todo sincronismo
Pode às vezes perturbar e secar a alma
Medo e privações dominaram os sonhos
Como um leito seco de rio na alma
Morrendo no cinza da saudade
Da alegre corrente que outrora jorrava

Mas existem outros córregos e outras águas
Aquelas também ainda existem
Como a esperança também se esconde
Nas profundezas do solo ou do ser
O amor é invisível as feridas que cura
O amor é sempre amor
Nem mais nem menos
Tão indefinido e tão completo.


Recife,5 de janeiro de 2010
Também postado na Fabrica de Letras

174> AFÉLIO

Quão longe fui para melhor ver o que estava perto
Ouvir dos outros o que minha pueril mente dizia
Quantas fantasias distorceram meu verdadeiro eu
E os obscuros pensamentos buscando a pureza
Vagando na noite das inominadas sombras
Esperando a primeira luz da manha antes de deitar
Longe de tudo e tão perto do nada
Buscando alguns fragmentos de mim noutros olhares
Perdidos

Um labirinto com mil minotauros famintos
Fui como um andarilho invisível nas trevas
Mas bem visível a algumas bestas legionárias
O coração sendo a única e fiel bussola
Lições do alem e seus maravilhosos desígnios
Magistrais e elaborados planos dentro de planos
O retorno trará novas cores na primavera
E tudo se torna memórias


Recife,3 de dezembro de 2009

173> FOGO DIVINO *

Encontrando o que não quer ser encontrado
Cantando o que foi a muito esquecido
A visão obstruída naqueles cabelos negros
Transporto-me para a minha doce ilusão
Pedaços de sonhos condensam na janela

Deixei todos meus livros não lidos
A lua se encheu da sua ausência
E naquele sonho teu era eu na porta
E aquela era minha filha em ti
E você sussurrou uma bela canção

Um sorriso me alimentava
Um silencio me destroçava
Meu destino de Prometeu
Na tua estrada de Morfeu


Recife,3 de dezembro de 2009

172> ENTARDECER *

Por aqueles que ficaram nas estradas da vida
Plantei rosas para sempre lembrar
Como o ser humano é belo e frágil
Como seca e floresce em ciclos
E aqui estou com meus espinhos

Seguro mãos tremulas antes que eles voltem
Estranhamente subjugados pelos Jovianos
Após o quinto agora girar em fragmentos
Como posso ignorar o que há sob nossos pés?
E La estão eles com seus inimigos

Dor e medo tornaram em trevas o mundo
Perderam-se muitos pela mão do orgulho
Alguns preferiram um sono profundo
Olhando para o chão com sangue derramado
Esquecemos de olhar para o alto celeste

Procuro uma sombra para ler os Vedas
Decompondo todas as vibrações da luz
Vejo kali no intervalo das freqüências
E uma infinita teia em todas as coisas
Eis porque acredito no que acredito.


Recife,22 de novembro de 2009

171> COISAS SOBRE NOSSO TEMPO

Eles desperdiçavam a vida esperando
Tantos esgotados ficavam para trás
Dizendo coisas sem sentido
A vida seguia insana sem parar
Passava por aqui, passava por mim
Mergulhava no fim da linha azul
Rodeando o globo cheio de sonhos

Esses pensamentos não são do nosso tempo
Essas infinitas estrelas também não
Mas as idéias são mesmo imortais
Mas o brilho é mesmo tão atemporal

Mirando o horizonte e o coração partido
Escuto as rajadas de vento e o silencio
Simples fatos ainda me são estranhos
E o jogo da vida me parece tão claro

Eles enfim conseguiram achar água na lua
Eu encontrei alguns dos meus caminhos
Alguém viu um fantasma ao meu lado
De fato em alguns finais ninguém acreditaria
Um anjo justamente para os descrentes
E outra flor somente para os ausentes


Recife,14 de novembro de 2009