Chuva fria e neblina rasa nas minhas retinas
Luzes por toda parte
E entre elas a escuridão
Espaços possuídos por vazios
Reflexos de minha face
Audição que fere
Visão que engana
Quem nos salvará dos sentidos?
O tato que enlouquece
Odor que envenena
Fogo que só aquece o corpo
Não pode me queimar
Pedras que paralisam a carne
Não pode me deter
As lembranças são tão reais
Os sonhos são tão verdadeiros
Mundos que criei
E crio a milhas daqui
Cinzas na noite de são João
Baterias de oitenta e oito
Irreconhecível aos demais
Os anjos descem do céu
Para verem tudo isto desaparecer
Em luzes invisíveis
Em corações esvaziados
No sangue das minhas veias
Na mais pura salvação
Na mais pura salvação
Recife, 25 de junho de 2012