ECOS

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Chittorgarh-India

sexta-feira, 11 de junho de 2010

198> AZUL TURQUESA

PEIXE, IGUANAS E SEPENTES TODOS AZUIS
SEMENTES TURQUESA DAS PLEIADES
UNS MORTOS E OUTROS FUGINDO PARA O MAR
O IMPERDOAVEL LAPSO DO ZELADOR
E ASSIM NADA FICOU NOS REGISTROS

AQUELE BRILHO INDIGO TÃO DESAFIADOR
EMFIM OS FILHOS DO SELO DE SHIVA
CAMINHANDO EM UM OCEANO INTOLERANTE
OLHOS DE AGUIA PARA TUDO VER
OS ESTRANHO ENTRE OS ESTRANHOS

VEJO ESPUMAS NAS PRAIAS DE METANO
QUATRO ESTRELAS AINDA NOVAS
A QUINTA POSSUIA O MAIS BELO CRISTAL
REFLETIU NOSSAS ALMAS IMPERFEITAS
IMERSO NO SEU CAOS A NOVA PROMESSA



Recife,10 de junho de 2010

197> ODE A LAODICÉIA

EIS QUE ELE CHEGOU ATORMENTADO PELO TEMPO
COMO UM RAIO ADENTRA O RECINTO AINDA ESCURO
TROUXE-ME DE VOLTA A SEMENTE QUE PLANTEI
O FIZ TALVEZ POR PRECISAR DE CERTEZAS EXTERNAS
O PESO DE SABER SER IMORTAL NO TEMPO MORTAL
O LIMBO DE NÃO SER PERFEITO E NÃO SER MAU
ALGUNS EXISTEM, PERCEBEM E ALGUNS DIFEREM
QUANTOS DEMONIOS SE ATIRAM NOS CRUZAMENTOS
E OS MERGULHOS NOS INFERNOS DA CONSCIENCIA

AQUI ESTOU, AQUI ESTAMOS E AQUI FICAREMOS
E ONDE ESTA O SUOR E FRUTO DA MISSÃO
E ONDE ESTA A VERDADEIRA CLARIDADE
A PAZ DE DE ESPIRITO QUE NOS FOI ROUBADA
O CONDOR DOS ANDES OBSERVAVA OS SEUS
ESSAS PALAVRAS NÃO IMPORTAM MAIS
ESSES DIZERES JÁ NÃO CONSOLAM MAIS
O MUNDO COMO CONCEBEMOS DEIXOU-NOS
PAREI PARA OLHAR MINHA SOMBRA E ME VI

ALISTAREMO-NOS NOS EXERCITOS INVISIVEIS
NÃO SERÁ MAIS PERMITIDO USAR ESPELHOS
NÃO SERÁ MAIS PERMITIDO USAR OS OLHOS
A TOCHA QUE QUEIMA SERVIA PARA ILUMINAR
QUEIMAR É APENAS OUTRA ILUSÃO DE PODER
O COPO CHEIO E PESADO JÁ NÃO SERVIA
CHEIO DE NOS MESMOS E DE SABEDORIA
VIVEMOS E DORMIRMOS COM VARIOS EUS
AO INVEZ DE BATALHAR POR UM SO DEUS


Recife,26 de maio de 2010

196> RIO DA NÉVOA FOSFORESCENTE

Vamos amanhecer meu bruto diamante
Não sei como desertar destas fileiras
Um salto para longe desse inferno
Posso ver sua luz
Desejos de vidas distantes
Estenderei tapetes moveis
Uma rosa cobre as cicatrizes

Falavam em línguas estranhas
Nunca antes vi minha sombra
A pele fria em um corpo inerte
Como saberei se ainda estou vivo
Mas esperarei a hora de partir
Sem mentiras, contos e ilusões
Só ondas em um oceano seco

Daria minha vida de bom grado
Aquela nevoa fosforescentes no rio
Após o lago restrito para os viventes
Minha metáfora e meu Tilmun
Todos os meus mundos iluminados
Emanando pensamentos tangíveis
Agora habitarão todas as morada


Recife(astral),12 de maio de 2010

195> CAVALEIRO DA ESTRADA SEM FIM



Observando atentamente as historias incontadas
Vejo todo um universo em uma fugaz bolha
Muros circulares como cercas vivas francesas
Decifráveis apenas pela altitude na perspectiva

Alguns sonhos são tão coletivos e repetitivos
Alguns são tão furtivos e singulares
Mas na totalidade rabiscos e ensaios poéticos
Retocam a pintura dourada das nossas vidas

Antes de adormecer alguém cerra os olhos
Mas a realidade continua desesperadamente
Agora apaguem as luzes e deixem a musica
Verei o céu explodir o telhado limitante

Muito já foi dito sobre a solidão que nos cerca
Algo pueril como o medo do escuro e da noite
Algo pueril que cria cruzes sem respostas
Maniqueísmo impõe uma felicidade coletiva

Posso sentir a organicidade das obvias reações
A mente dança entre os variados sentimentos
Vejo módulos que se movem de pessoa a pessoa
Depois escutar aquelas femininas vozes na noite

Quando possível é melhor sorrir e nunca mentir
Resgatando a ancestralidade das experiências
Atravessar a negra noite de olhos fechado
Exercer o direito divino a ter outros sentidos

Do alto da cela de veludo a passo de galope
O horizonte é mais distante e o mundo mais rápido
Do amanhecer da minha alma a passos lentos
O mundo é mais simples e a vida mais bela


Cavalgadas atravez das diversas "noites" ...
Recife,11 de maio de 2010

194> NOVO MUNDO

Era comparável as grandes descobertas
O peso do entendimento mais elevado
Um clarão irradiava nos umbrais
A auto-vitoria parecia agora possível

Em nome da pureza do coração
Pálpebras cerradas, mas a visão da alma
Um lapso de tempo inesquecível
A historia nunca mais seria perdida

Uma carta ao casal real espanhol
Cálice de ouro em forma de serpente
Alguma anotações vivas incompreendidas
Os tesouros da firmeza da vontade

E seguiram-se os anos e os séculos
Todos teus testemunhos e teus súditos
A luz que irradia um novo mundo
Foi nesse primo dia teu candelabro

Pirâmides de ouro e linhas espaciais
O pólo desloca-se para o sul
E teus ideais de novo viverão
O destino não discute seus propósitos

Deixe que o mundo gire e gire
O epicentro que tremerá as nações
Para em um dia como aquele foi
Ver a chuva lavar nossa lagrimas


Recife,8 de maio de 2010

193> ANDARILHO

Sempre fazemos as perguntas erradas
E perguntas só levam a mais perguntas
Muitos foram os que fugiam da noite
Alguns decidiram pelo veludo escarlate
Com todo aquele sangue na lembrança

Aquelas montanhas que nunca vi
Era tão minhas quanto deles
Braços estendidos nos campos
Embriagado pelo perfume de lavanda
Ligado aos acordes frios do Cáucaso

Do deserto eu amava quando o sol caia
Do pólo norte eu amava as auroras
Das estações adorava a linha indefinida
Entre outono e o inverno
Outro sublime caso de amor

Corria e sempre correrei fugindo
Do tempo que resseca a carne
Imobilizando o que antes era móvel
Tudo somente atingível por um sopro
De pensamento que nunca se apaga


Recife,6 de maio de 2010

192> COCHEIRO





OUTRO SABADO CHUVOSO NA MINHA VIDA
MAS UM MOMENTO EM OUTRO TEMPO
SEM SAUDADE, MAS TAMBEM SEM NADA
LEMBRO CANÇOES ANTIGAS JAPONESAS
AS PONTES QUE NOS LIGAM A NÓS
A RAREFEITA LUZ NATURAL DO RECINTO
CLAREIA A MENTE COMO TOCHAS
TODOS OS ANEIS DOS PLANETAS DISTANTES
TODAS AS ALIANÇAS QUE NÃO USEI

SORRISOS QUE OS LABIOS NÃO MOSTRAM
LAGRIMAS QUE O OLHAR ESCONDE
MEMORIAS QUE O CEREBRO NÃO ENTENDE
GESTOS QUE AS PALAVRAS NEM CONHECEM
ONDE DEIXEI MINHAS ASAS NESTA CASA?
E QUANDO DELAS DEIXEI DE PRECISAR?
OS PASSAROS CATIVOS AINDA PODEM VOAR?
AGORA OS PES DOEM E CORPO PESA
O SENSORIO SE ENCHE DE DUALIDADE

A CHUVA INICIA A QUEDA DAS ALTURAS
ASSIM COMO OS ANJOS CAIRAM
ASSIM COMO NOS CAIMOS
AGORA OLHOS ATENTOS NOS ASTROS
OLHAR O CÉU EM REVERENCIA SUPREMA
COM O PESAR DE UM SENSO DE JUSTIÇA
QUE NÃO SE PERDEU NAS MIL GERAÇOES
EM NOME DE UMA HISTORIA INCONTADA
EM NOME DA NOBREZA DO CORAÇÃO


Recife,17 de abril de 2010

191> OUTRA ESTAÇÃO

Na mesma linha, mas bem distante
Outro segmento surge do fim da noite
Pessoas dizem e só dizem
Dias solitários no ponto das chamas
Hora de ser para sempre

Sombras que não nos cobrem
Batalhas seguidas de deformação
O vento que se vira e volta
Outra primavera sem flores
Hora de deixar a luz entrar

Quase certo como estou aqui
Exato como sol que brilha
O afastamento não é um sonho
E o ocaso não será multicolorido
Mas o que é um sonho?


Recife,17 de abril de 2010

190> RODA DA FORTUNA

Referencias que se apagam na linha do tempo
Bases abandonadas em um velho saber
Raios que se cruzam no céu e na terra
Ansiedade e o medo a cada novo giro
Tremores não mais sentidos a beira do leito

Como locomotivas de puro vapor mental
Tudo segue seu fluxo a menor resistência
Levantem-se os opositores das leis
Guias infactíveis no caos e nas revoluções
Teu futuro em sangue e concreto desarmado

Corram como as crianças o fazem
Acreditem como os amantes o fazem
Encontrem-se como os sábios o fazem
Abracem tudo que os braços não alcançam
Em fim o salão nas nuvens onde todos riem


Recife,24 de março de 2010

189> DAIGORO




Atravessando um raio de luz no meio
Entre o que sobrou da minha infância
Entre as revoltas águas e as labaredas
Das montanhas ate Edo
E de lá ate o inferno

Contos tão falsos naquela zankanjo
Deixe o yomi para minha mãe
Sou do meifumado
Sou do meu pai
E com ele ate o inferno

O código inflexível como a dotanuki
Segredos do berço e do carrinho
Suio ryu técnica Ross posição media
Que venham e que se vão
E sem norte ate o inferno

Eis as lembranças que flertem a lamina
Eis as lagrimas no olhar do guerreiro
Um pai conhece o coração do filho
Como só o filho conhece o do pai
Um estranho não entenderia...


Recife,17 de março

188> TREM DE URANO A NETUNO

Segui vigiado de urano a netuno
Em meio a essas bênçãos eu fui
Outrora uma criatura da noite
Não foi fácil
Não sei dizer


Costumava olhar o passar das horas
Essa era minha vida e minhas pinturas
Ainda ouço aquelas canções solitárias
Ainda vejo aqueles distantes olhos
Tão negros e tão perdidos


Agora que as estações mudaram
Agora que eu as mudei
Eu também amei
Amei


Violinos e a musicalidade do inverno
Ainda estava frio quando sai do sul
Encaro todas essas lembranças
Ainda sinto o pulso mais cheio
Chorei


As estradas estão mais retilíneas
Não se vê mais suas sinuosidades
Os anos levaram aquela fome
Vejo meu reflexo no trem
Sorrindo antes de partir


Recife,10 de março de 2009