ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

sábado, 17 de abril de 2010

51> O ABISMO

Alguns sons no verde, azul e azul escuro
Um mergulho desacompanhado da luz
O manto negro que recobre o abismo
Silencio perturbador no tumulo da terra
Na sua geologia o abrigo do sem fim
Quem preservou teus segredos
Incontáveis eram os selados naufrágios
Agora frias prisões cheias de fantasmas
Um aviso no portal do desafio profundo
“aqui jazem aqueles que nunca retornam”
Seres bizarros serpenteiam em colunas
Em reverencia a “eles” seus senhores
Algo incontado e proibido, agora revelado
Mas todos precisam saber
E todos têm o direito de saber...


Recife, 17 de fevereiro de 2010

50> O SENHOR DOS SONHOS

Rapidamente eu surgi
Plastificando o sólido salão
Vi reunida a beleza perdida
Senti o som da luz
De cada raio imperceptível
Um gigante lótus brilhava

Rios e seus afluentes
Corriam de todas as mentes,
Argamassa de plasma
Criou imensos castelos
Juntei-me aos festejos
Notei-te ausente

Tomei de assalto um vórtice
Cingi os sete céus
Descendo em espiral
Vejo o topo dos prédios
Estremeço nas vibrações da cidade
Penetro então teu sonho !

Não me via mas sentia
Teu coração dispara subitamente
Girava sobre o gramado
Em seu solitário petit ballet lunar
Em tempo ainda posso te dizer:
Estarás sempre junto a mim ...


Recife, 28 de fevereiro de 2009

49> O SOL E A ESTRELA

Encruzilhada de caminhos asfaltados
A insegurança procria medos.
Tomo o caminho de terra úmida
Tão cheio de vida e flores
O orvalho pode livrar-nos das dores
Ignorar o sol ate que seu calor
Se inrusta na pele e na alma
E em sua constancia
evapore todas as duvidas...
Mas sinceramente creio :
No sorriso das crianças,
Na pureza de uma mão sempre estendida
Na alegria do cão ao ver seu dono
Nos olhares que se encontram
E sobre tudo no amor
Com sua perfeita visão
Que nos permite perdoar e aceitar
Que nos cura da cegueira do orgulho
O intenso brilho que não ofusca
A luz que polariza o curso celeste do sol
E este buscando as estrelas mergulha no horizonte
Levando deste mundo minha alma
E chega os novos habitantes do orbe
Amo a noite e sua paz
Mesmo quando trás a lembrança
Da falta que uma Estrela faz...
Mas assim a vida foi criada
Pois o sol também é uma estrela,
E uma estrela também é um sol...


Recefe, 27 de fevereiro de 2009
Crenças e mais crenças ...
Também publicado na fabrica de letras

48> DOENÇAS, GUERRAS E CARNAVAL

A noite estava mais fria
Mudava o tom daquelas vidas
Cúmulos opacificavam a abobada
Não via a estrela
Mas estava lá

Voltei-me às pessoas nas ruas
Tantas cores não escondiam
O cinza das as almas
Quatro luas e quatro sois
Desejei retornar ao meu lar

Cenas e pessoas diferentemente iguais
Historias de dor dançavam
Tambores se fantasiavam de musica
Hipnotizados fingiam fúteis alegrias
Prefiro a realidade da minha luta

Fevereiro cheirava a carne
Mas não das crianças palestinas
Nem das feridas dos doentes
Eis os odores que me compadecem
A demais reservo aos abutres


Recife, 27 de fevereiro de 2009