ECOS

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Chittorgarh-India

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

408> CAMINHOS DO CEU E DA TERRA


Antigas lembranças dos risos de crianças no quintal
Não retardou a celeridade dos nossos destinos
Arvores verdejantes e os bancos de concreto
E o sonho dos gêmeos retorna novamente
A beira do que será nossos túmulos
Tão solitários

Um pesar antigo
Anterior à infância
Silencioso e profundo
O mundo gira lentamente
Descolorido e embotado

Eu que jurei retornar e celebrar
Eu que via tudo tão rápido
Em um carrossel de décadas
O que era distante se aproximou
O que era próximo colapsou
Pois asas foram feitas para voar

Coroada foste na indiferença do mundo
Teu manto pálido e impenetrável
Reinando na dor dos teus segredos
Irrevelados
Caída no frio trono da solidão
Rarefação de todos os sentidos
Na fina chuva do tempo que não volta mais

A montaria aguarda e ainda há luz na estrada
Passos pesados nos pés de mármore
A terra se move abaixo de um céu fixo
Um lago reflete uma imagem distorcida
Em minha nevoa particular
Um encontro inimaginado
De um potencial não realizado
Com uma vibrante fome de vida.


Recife , 18 de Dezembro de 2013

domingo, 29 de setembro de 2013

407> QUASE OUTUBRO



De volta as mesmas historias monocromáticas
Tao lindas agora em um preto e branco belo
Fumaça de cigarro e vapores da alma
Sinto pela tristeza e por todas as lagrimas
Mas recomecei nos mesmos olhos cheios de desejos

Era tudo que se podia sentir
Quando se foge de si mesmo
Era o quanto se podia mentir
Sem se chocar com o vazio

A estrada serpenteava sob a ótica do medo
Em minha mais terna idade eu amei
Conheci as crianças de plástico
Estranhas para quem vem dos anos oitenta
Preocupadas em não desapontar a própria imagem
Agora isto tudo esta acabado
O que você viu foi só o principio
Surpreenda-me com as cores que fui privado

Carros, aviões e as distancias se multiplicam
Ate a mente aproximar tudo
Rostos, ilusões e as gargalhadas ecoam
Ate o ultimo ônibus partir com a alegria
E nas ultimas horas sonhei com a mesma mulher
E isto nem importa mais
E o agosto vem e vai com suas inundações
Mas foi justamente em setembro que pude dizer
Eu perdi para mim
Mas jogarei novamente
É claro 


Recife , 25 de Setembro de 2013
 

406> GAROTO SEM SAPATOS



Eis que os gritos silenciosos não foram em vão
Perto de serenar sinto todo caos que me dei
O gosto doce se foi
Não me importo se é conveniente
Mas no fundo eu gostei de tudo
As desculpas no olhar
A distancia do céu e a proximidade do mar
Olho levemente para trás
Vejo um mundo que desaba
Sorrio e continuo
As vezes sou o garotinho que perdeu os sapatos
Sentando em uma calçada qualquer
Cansado com o folego curto
Ascendo mais um cigarro
Olho para as estrelas
E isto me basta
Tão pouco para muitos
Mais tão imenso para mim

Vejo a grandeza em toda parte
Melodias, heróis de guerra
Sorrisos velados, empatia instantânea
Logo conheci e logo se foi
Para sempre ? Não sei !
Estará presente ? Sempre !
O destino cruza caminhos
E depois os separa
Faz nossas vidas em capítulos
Marcas de fogo na alma
Vitorias e derrotas, fel e mel
A lucidez vai se tornando insana
E a loucura tão espontânea
Agora tudo brilha ao infinito
Onde a ilusão chama-se tempo


Recife, 25 de setembro de 2013

quinta-feira, 4 de julho de 2013

405> PARALELO



Um sonho terrível antes de amanhecer
Daqueles nos faz acordar para vida
Canções de adulto, brincando no corredor
Os amigos cresceram nenhum para rever
Que lição terrível e o duque venceu

A xícara e a borra seca do café de outrora
O sono nunca desperto da melancolia
Quem sabe aquela mulher possa entender
Suspensa em cores na tela de uma pintura
Mas ela já morreu

Às vezes corro sem saber e choro por chorar
Os anos por um fio só a janela e a chuva
A bailarina gira imponente na caixa de musica
O único registro deste tempo suspenso
E isso nunca me ocorreu


Recife, 4 de Julho de 2013
Universos tão paralelos que posso senti-los...
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domingo, 16 de junho de 2013

404> CONCERTO PARA PIANO No1 EM B-MENOR



Ruas desertas para um único olhar
Sombras que se movem sem corpo
O chão úmido e a chuva fina
Corais não audíveis aos comuns

Através da terra dos ventos ascendentes
Sons tão medievais quanto os instintos
A dama dançava sozinha em seus sonhos
Um ar de magia brotava das fontes
A vida era tão breve quanto intensa
As nuvens moviam-se rapidamente
A mãe de todas as tempestades se aproxima

Um velho pergaminho em um mosteiro
Sabedorias antigas e a velha relutância
Erros que se repetem em palavras já ditas
O céu acima e o solo abaixo sempre assim
Entre eles nossas batalhas e nossos amores
Nenhum astrolábio nenhum mapa
Os dias incansáveis drenam nossa vigor
Tudo tende a estabilidade da morte

Vim viver as vidas não vividas
Pensar todos os pensamentos
Cada respiração e cada pulso
A mais sublime improbabilidade
Almas não se cruzam em vão
Algumas cairão perante si mesmas
Alguns usarão o manto azul-prateado
E aos que florescerem nessas auroras
Nos encontraremos no grande salão
Um brinde a nossa grande aventura
Três salves a nossa vitória
Incontestável, Incontestável


Recife, 12 de Junho de 2013
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