O sal se acumula nos olhos
profundos
A agua se esvai da pele
abençoada
Sai de mim mesmo
Do que julgava ser meu eu
Agora só observo distante
Minha sombra
Tantas cinzas
Nada é maior ou menor
Dor é dor e azul é azul
A pintura que damos vida
E a tudo pintamos
Vermelho do sangue
O cinza da poeira
O amarelo do medo
E tudo é consumido
E nos distorcemos
Temporalidade que alimenta
a mente
Onde estou?
Uma noite de explosões
Uma madrugada de fogo
Outra manhã única
O passado nunca existiu,
pois é a lembrança do agora
Uma prisão sem muros
O futuro é o agora que
ainda não é
Um poço de ansiedade
Que maravilhosa descoberta
Somos a onda que não sabe
que é oceano
O estomago faminto que faz
o corpo servi-lo
Vejo-me no céu entre as constelações
Entre relâmpagos e
estrelas cadentes
Marte na casa um
Tudo vibra e tudo vem
A centopeia ainda sai da
minha boca
Exercito de terracota
Tão ameaçador quanto
inerte
Um presente de pandora
Que devolvo as aguas
subterrâneas
O vento diz tudo que
preciso ouvir
Meus olhos falam o que tem
ser dito
Não pergunto mais o porquê
Depois que tudo se
iluminou
E no sol a historia do meu
criador
Olhar e se ofuscar
Aproximar e se queimar
Mas assim a treva se
desfaz
E a alma resplandece
Recife, 29 de Janeiro de 2014