Manhãs de inverno não me congelam mais
Andando comigo mesmo nestas ruas
Elevando os pensamentos além dos faróis
Desfavorecidos encharcados por seus pecados
Olhos vidrados dos dois lados do caminho
Perdem-se no meu próprio olhar
Em instantes escuto seus corações
Sinto seus medos
Presencio suas ausências
Às vezes me sinto um anjo tão distante
Cheio das mais brilhantes imperfeiçoes
Ouçam o que eu digo sem nada falar
Ignorem o lento pulsar dos umbrais
Hipnóticos ritmos das mesmas noites
Milenares
Cães e crianças raivosas
Irreconhecíveis na teia do tempo
Cegos nos olhos da alma
Através de gargalhadas que não ferem mais
Dia a dia vou encontrando minha redenção
Crucificado pela própria mascara que criei
Outrora útil para lidar com os inúteis
Compreender toda incompreensão que me cerca
É meu maior trunfo
E meu maior desafio
Recife, 19 de junho de 2012
Foto : Ponte nova, Mumbai-India
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