ECOS

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Chittorgarh-India

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

344> ÓBULO


Sempre as vozes do passado soprando
Algumas folhas antecipam o outono
Não me importo
Perdi a noção do tempo
Fios ligam o antes e depois
Lagrimas lubrificam os dois mundos
Sob a regência de um único sol

Nas ruelas da escuridão dos que se foram
Perdidos nos labirintos e caminhos
Assim como também me perdi
Ate ver o milho verdejar no jardim
Protegido pelos quatro fieis cães
Mãe, deixe as crianças brincarem
O rio não mais oferece perigo
Pois as cobras não tem peçonha
Quando se tem moedas para Caronte


Recife,26 de Outubro de 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

343> PERGAMINHO INSONDÁVEL


Refazendo agora os antigos caminhos
Entre os destroços de antigos sonhos
Caminhando com as sombras moveis
Presentes da luz imponente de um luar
Penso qual a chama acesa nessa distancia
Qual foco ilumina aquelas cruzes
Que som reverbera aquelas vozes

Assim que o cinzel mastigar a pedra
Verei o brilho evidente do mármore
Levantei feliz para receber a visita
No castelo em que outrora fui sufocado
O mesmo pânico na lenta subida
Como sonhei fugir em um cavalo alado

Sereno como o mar na maré vazia
Pronto para as novas tempestades
Deixo minhas obrigações à beira mar
Sigo a noite em seu veludo negro
Ate os que nunca me esqueceram
Ate as respostas que nunca terei
Castelos não plenamente materiais

Na terra das bruxas as batalhas
Sangue que não ofereci em vão
Confundo solidão com estar só
Mas aqueles olhos são inconfundíveis
Um pergaminho escrito em sensações
Oculto na vibração insondável da alma


Recife,16 de Outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

342> CAVALEIRO DE SANTO ANDRE


Cada curva lentamente sinuosa
Lembranças esperam por mim
Serpenteando perto de Santo André
Cada momento flutuando em ondas
Revivo a criança em meu ser
Sempre nadando sem tocar o fundo

E todas as vindas serão sempre a primeira
Através das frestas do pântano vejo a luz
Saltando aos meus olhos aquele cavalo
Corações gentis e palavras fortes
E eu morreria em nome desta lei
Essas são minhas preces aos teus pés

Eu pensei que viveria no céu
Enquanto vivi na terra
Dois de espadas e dois de paus
Um recado no dia do enforcado
Mentiras seladas por beijos
sempre estranhas para mim


Recife,12 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

341> PASHUPATI


Da madeira ao couro
As correntes de ouro
Azul acima da morte
Ao sabor do invisível

Face ao chão o mundo vibra
O céu trás o rastro de fogo
Realidade rasgada pela carruagem
Aguas sagradas agora pacíficas
Em verdade ate a próxima dança
Pois lobos sempre comem carne
E do gado manso tudo se aproveita
Se ora caço ou ora pasto
É porque sou tão lobo quanto gado


Recife,3 de Outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

340>AO SENHOR DOS CAMINHOS


O que verei quando eu me for só eu sei
O que construí em meu atual passado
Minhas mais intangíveis memorias
Sopradas em vórtices de emoções
Sob o mesmo sol nascente
Sob o mesmo sol poente

Minhas crenças e minhas verdades
Fluidificando os secretos desejos
Percorrendo o leito profundo da alma

Minha fé, minha única fé
Cristalizando as imutáveis leis
Dos que ainda vem e vão

Infinitos horizontes empilhando possibilidades
Outros eus acontecendo ao mesmo tempo
A chave mestra das portas que desconheço
Onde esta o senhor de tantos caminhos
Onde esta o maestro que rege tantos sons
No fim o portão de ferro e os cães vermelhos
Um fim que nunca acaba

Lembro-me da caverna nas dunas astrais
Do planeta das sombras rosáceas
E da solitária e majestosa rosa
Uma luz, um banco, um vilarejo frio
Uma escuridão, a queda, a grande prova
E mil vivas a fonte de onde tudo emerge
Pois nesta vida tive muitas vidas
Como outrora muitas vidas me tiveram

Recife,2 de Outubro de 2011