ECOS

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Chittorgarh-India

domingo, 30 de janeiro de 2011

289> ESCAPULÁRIO


Nefasta política do medo instilada
Nada inesperado deste rei da ilusão
Sombreando a noite dos aliados
Quem mergulha quer afundar
Mas quem cai só quer se elevar
A correnteza deflora suas hierarquias
Como o tempo arranca a carne do osso

A certeza vem em um facho de luz
Um horizonte luminoso no oriente
A incerteza não mais será uma cruz
Ditando o temor de um fim iminente

Crianças no corredor patrulham a noite
Mãos na face para não ver o holocausto
Todos os filhos de todas as filhas
Não mais colhem o milho nos campos
Distantes, distantes para sempre

Aliança esquecida milhas ao longe
Anéis espalhados nas mãos de alguém
Moedas que compram vidas
Mil razões para voar
Suba, suba ate não poder mais
Suba, suba ate não ver mais
E se na sua angustia você despencar
Que o mar seja sua ultima lembrança


Recife, 30 de Janeiro de 2010
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Tambem postado na Fabrica de Letras

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

288> OVO NEBO NED NAMA


Areia úmida sob os meus pés
A imensidão de todos os sonhos
Toco a fronte na espada fincada
Olhos cerrados e as nuvens em movimento
E o céu acima de nós

A beleza de uma doce morte
Afiançada aos meus lábios
E todas as palavras na minha face
Sem detalhes
E as flores enclausuradas
Pelas pequenas coisas do agora

Trovoes inaudíveis agitam a terra
Não temo o vale das sombras
Corpo paralisa e a alma se liberta
Esperando o senhor da sétima onda

O que fiz e o que deixei de fazer
O que fui e o que agora serei
Uma aquarela viva e um mosaico
No céu acima de nós


Ipojuca, 26 de Janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

287> O CIRCULO VIBRANTE


Historias de vidas desconhecidas ao contador
Historias suspensas na linha das existências
Vagando de mente em mente
Noite após noites revidadas
Dia após dias pressentidas

A água da chuva que retorna a terra
Gotas cristalinas refletem o mundo
A surpeficie dos lagos dançando
Dó maior e ré menor
Ascensão e queda

Caídos no solo úmido do ressentimento
Visionários perdidos nos espaços invisíveis
Legiões observam ao longe
O ultimo e previsível movimento
Sempre será o mais sincero

Assim a vida precipita-se universo a fora
Convergem em ondas propagadas
Na mais vibrante aventura
Uma lembrança sempre infinita
Que todo circulo se fecha


Ipojuca, 24 de Janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

286> LEON E O CAMPANÁRIO


O ambiente secou como a pele mumificada
Ninguém mais seria testemunha do encontro
Somente os convidados estão autorizados
Somente os do mesmo pesado anel distante

Longe da distancias normais e perto da mente
Em uma confiante prontidão no vale das flores
O brilho verde iridescente denuncia seu olhar
Na ultima noite ouvi-o no sino da igrejinha

Livremente caminhando onde o tempo parou
O senhor também e teu pastor e nada te faltará
Do elmo dourado ao uniforme agora sangue rubro
As próprias cobranças em lagrimas silenciosas

De onde meus olhos não alcançavam as estrelas
Quem não viu teus olhos e quem te difamou
Sangramos onde eles celebram nossas falhas
Então traga o destino àqueles das falsas juras

A solidão foi a mais fiel de todas as companhias
Por um tempo não relacionável ao nosso tempo
A justiça foi a mais divina dádiva nessa terra
Onde os cavalos cospem-nos com o fogo da ira

O poço secou, mas a queda ainda é profunda
O vento sopra uma brisa quente que não refresca
Voltemos ao campanário de todos os caminhos
Onde os invigilantes humanos são vigiados


Recife, concluido em 16 de Janeiro de 2011
Cumpadreeee ...
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

285> A INCERTEZA TRÊMULA



Algo que chega antes da exaustão da mente
Algo que toma as fibras e arrebata a alma
Na mais remota planície restou a contemplação
Típica dos possuidores do lápis da historia
Vertendo alegremente o próprio sangue
Quem virá agora definitivamente nos libertar
Da incerteza trêmula que nos levou a tombar

Alguns séculos depois as lagrimam ainda caem
Singelo pesar soprado pelas vozes do vento
Implícito entre a beleza delicada das flores
E a aspereza da sucessão dos duros invernos

O leque estendido dos mais humanos sentimentos
A minha solidão é filha de uma separação
Que se passou antes mesmo do nascer
E a vida fez-se um outono ainda sem frutos

Vejo candeias no meu tão único caminho
Fora dele memórias e faces desfocadas
Pelos anos no escuro labirinto
As velas delineiam a sombra dos lobos
Vitimando os que os fazem existir
Pois ao castelo escolheram o covil...
E que não seja o dragão o meu guia.


Recife,11 de Janeiro de 2011
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