ECOS

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Chittorgarh-India

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

258> A ESPADA NOVAMENTE OUTORGADA


Cobro o preço de inúmeras injustas demandas
Agora ele funde ferro e forja a lamina
Quase apto quase pronta
A passagem era errada e eles ousaram
Clones e replicas ligados a seus mestres
Explodidos, triturados e despedaçados
Na espada o no chicote

Cicatrizes de cortes no abdômen
Bonecos de madeira deformados
Antes da fúria havia meticulosidade
Equilíbrio da luz do saber com ferro do agir

Nas lembranças preservadas na carne
Penso não desejar aquele desfecho
Não entendo meu efetivo proceder
A meia lua ascendente coroada de estrelas
Cruzadas por espadas sob a estrela maior
Os infames caindo a esquerda
As mentiras destruídas a direita

A ação concreta e domínio do mental
A dose correta, nem antes nem alem
No cálice de Roma, a tênue linha
Entre a equilibrada celebração e a embriagues
O segredo da vitoria ou da derrota
O segredo da vida ou da morte
A dialética sempre observada
Afinal somos seres da luz

257> QUE SE FAÇA A LUZ

A profusão de todas as coisas se abre como mantos
Infinitas camadas paralelas em diferentes níveis
Todo equilíbrio sem desequilíbrio não é harmônico
Portanto nós fomos criados assim na verticalidade
A singularidade manifesta em varias camadas
É o vertical rasgando níveis paralelos de energia
Somos o uno fragmentado em diversas dimensões

Símbolos ancoram portais entre diferentes realidades
Inacessíveis a os padrões mais lentos de energia
A mesma lentidão que tornou a matéria perceptível
A mesma matéria que nos vestiu nesse projeto
O mesmo projeto que criou o tempo para lembrar
Nossa grande aventura viva nas cordas de baixo
Estar vivo e disso saber é plenamente maravilhoso


Recife,28 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

256> NO CAMPO DO PONTO ZERO



Neve com seu tapete alvo sobre os campos
No litoral as ondas desistiram dos rochedos
A alma no ciclo oposto era pura expansão
A aura de fertilidade que paira nos campos
Era sustentada pela vontade de poucos

O pensamento agudizava tudo que abraçava
E andava por sobre a grade de luz invisível
Fez a manifestação possível nessa dimensão
Feita no ponto a ponto, mas um de cada vez
A parte visível de tudo que foi previsto
Imaginado, concebido para poder um dia ser
O real significado do livre arbítrio
É decidir o que se tornará o real

Sete mulheres em salto descem na estrada
Dois radiantes olhos azuis e uma só alma
Dois tristonhos olhos verdes
Dois perdidos olhos verdes
Dois magnéticos olhos verdes
Dois cautelosos olhos verdes
Dois ternos olhos castanhos
Dois iluminados olhos castanhos

A claridade ameaça deixar a terra de Nestor
Agora sem uma geografia fixada no mensurável
Estaria sempre onde houvesse sua lembrança
Uma simples bouganville cor de sangue
Balançando ao sabor dos ventos da serra
Aos olhos certos traria de volta o antigo lar
E balançava toda minha realidade
Dentro em breve será noite

As faixas todas eu encontrarei e se encontrarão
O guia do Andes aos históricos bravos litorais
Portanto não prometa o que não poderá cumprir
Mesmo na alça de mira da eficácia de um Mauser
E o céu se congelou para meu dialogo eólico
Tudo silencia e aquela musica só eu ouvia
Alguns minutos antes de me juntar a fonte
Temporariamente me tornarei atemporal
E no amanhecer logo o sol tocará minha face


Tambem postado na Fabrica de Letras

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

255> SAUDOSAS CANÇÕES DE ORION




À noite voltarei à terra das mais belas gemas
Em busca de dois diamantes feitos na carne
O vestido refletia o luar nos lugares escuros
Escondida dos comportamentos impróprios
Escondia nossos eternos conflitos humanos
Igual a uma mãe que sempre volta ao lar
A água dos divinos instintos femininos

Um regente de principio árido e solitário
Cruzando as vastas areias desérticas
No cálice só poeira tocava a boca ressequida
Um manto formava fantasmagóricas sombras
Tudo seco, quebradiço como folhas velhas
No limiar do deserto dos sonhos abandonados
A soberania dolorosa dos teus seguidores

O status de Orion e as três grandes pirâmides
As radiantes constelações e suas grandes casas
Borbulha o doce som nas aberturas da flauta
Ainda vibrando alem da cortina de tempo
Às vezes ela descia e às vezes ele subia
Acima da ultima nota e abaixo da primeira
E assim sendo nunca estariam separados


Recife,20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

254> CONTINUUM JASMIM DO GANGES

Exausto nas margens do caminho espinhoso
Mil razões para continuar e nenhuma força
Exaurido pela gravidade e pelos maremotos
Duas borboletas de cores branca com azul claro
Apresentam-se orbitando meu corpo pesado
Escuto uma inspiração profunda e nada vejo
Apenas sinto o mesmo perfume de jasmim

Eles diziam que chegaria o tempo de sorrir
Cantavam os sons do sagrado Ganges
Entorpeciam a mente com as coisas do alto
Vivificavam o corpo com a força do touro
Se espírito voa a carne corre
E como corri noite após noite
Palma, gritos, tambores, vozes, vozes

Comum e especial era só questão de escala
Como célula e corpo, átomo e universo
Com pureza se percebia o tudo no tudo
Só se viu neblina após Maya criar o tempo
Só serviu para contemplar obras perecíveis
Já nem me lembro onde estava antes
E quem sabe o que é antes e o que é depois


Recife,17 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

253> DESINTEGRAÇÃO


A amarga historia da grande fração humana
Que chora a morte do que nunca morreu
Pétalas secas desprovidas de seu perfume
As sementes que temiam germinar
Um abraço que nunca foi forte o suficiente

Elétrons que tombam em seu próprio núcleo
A desintegração de todos os princípios
Um ultimo olhar sucumbindo a um gládio
O segundo que perdurará a eternidade
E a eternidade que durou aquele segundo

Vejo minhas mãos e minhas partes próximas
Em um pulso do coração de outubro
Como esquecer os que tombaram ante o amor
Assim como o espaço se curvou
Me curvo reverenciando a estrela guia

Unidos somos a imagem da eternidade
Na existência apagada das memórias
A fria e nebulosa crença da individualidade
Dissolvida em um longo e caloroso beijo
Todos os sentidos captam o real sentido

Tanto tentei mover o que estava imóvel
Que quase parei no tempo do não-tempo
E nunca vi tanto brilho se petrificar
Eis a façanha do nosso grande palco
Onde agora vejo a imensidão da platéia


Recife,14 de setembro de 2010
Tambem postado na Fabrica de Letras

252> O SEGREDO


Folhas secas sopradas ao vento de primavera
O ardor do ar que se condensa em chuva fina
A fluidez das gotas efêmeras vivas só na queda
E muitos ciclos que se fecham em si mesmos
Encimados pela bandeira da vida transitória
E no seu tempo são felizes só por existirem

Instruções no templo sagrado do saber
Os mais inusitados encontros e visões
E assim prossegue nossa grande aventura
Em todos os reinos uma épica jornada
Para se posicionar inventamos o tempo
E inventamos a dor para evitar a inércia

Se todos os códigos fossem revelados
Os dias encontrariam as noites
O passado fundir-se com o futuro
E todo o mistério seria então revelado
Tornando estéril e monótona a criação
Pois na verdade o segredo esta no segredo


Recife,14 de setembro de 2010
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Tambem postado na Fabrica de Letras

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

251> OS DADOS DE DEUS

Belo mesmo são os sorrisos que afloram da alma
Uma sombra refrescante num dia ensolarado
Meu ser já não dissocia a beleza da pureza
Às vezes estranhos se atraem instantaneamente
E eu sorrio dos que acreditam em coincidências
Desejam um dia jogar dados com Deus

Quando exterior se confunde com o interior
Não importa se o vazio esta sempre vazio
Mas sempre se pode cruzar a fronteira
E voar sobre os mais sutis mares
É só entender o que o mantém no chão
É só entender o que gera os abismos

Fique em teus limites e eu te sustentarei
Olhando escada a baixo eles dormiam
As crianças que um dia a noite perdeu
O segredo do zelador e o cômodo escuro
E no fim mais um símbolo honrado
Por favor, não me peçam por favor


Recife,13 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

250> FOME E SEDE DE JUSTIÇA


Vive-se no limiar do que não pode se entender
Julgamentos sobre o prisma enevoado da mente
Em nome de crenças que julgam crer
Evocando seres que nunca serão
É chegada a hora da execução
Aplausos, aplausos
Fúteis
Abutres mais carniceiros que seus pares alados

Um fluxo constante nos grilhões partidos
A força da lei e a claridade da luz
E as criações desfazem-se em minhas mãos
Todo o sentido perdido nos sentidos humanos
Em seus tronos vejo o lodo espesso da vaidade
Onde se perdeu vossos corações?
Onde se espalhou vossa razão?

Animalescas formas que vejo nos homens.
Pachacuté salve-nos do inframundo!
Mas o condor a tudo observa
E um dia o puma será imune as víboras
E um dia o sangue não será um premio
A dor não mais purgará
Os sonhos não serão mais sonhos
E no fim tudo será inicio


Recife(astral),09 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

249> BORBOLETA AZUL



Quem graciosamente se movia no ar
Mil jardins, mas apenas um floria
E seus olhos vicejavam sua energia
E nesse mundo sua outra face delicada

Eu quis parar aquela noite por medo
Mas as estrelas brilhavam mais que aquelas luzes
E o destino nada deve aos tementes
E nos olhos implanta suas sementes
E eu fechei meus olhos e vi um mundo maravilhoso
Linhas retas e curvas e ela adormeceu
Velei seu sono por toda noite
Por toda noite

Voando cegos noite a fora não importava
Rimos dos trovoes que nos feririam
Seus relâmpagos nos uniriam de toda forma
O inverno espreitava como um predador
Implacável, esperado e soberbo
O frio soprou as lembranças da realidade
Confuso com o vendaval que te afastava
Ferida como a borboleta azul que não migrou

Era a minha queda ou ve-la com asas partidas
Ela nunca soube como fiquei feliz
Ve-la deixar toda essa provação para trás
Ela nunca soube o quanto me doeu
Ve-la partir para longe do meu jardim
O silencio, a dor e a inevitável queda
Ou tudo isso foi apenas um sonho

Azul celeste inevitavelmente belo
Voa ao longe e voa para longe
Não olha para dentro de si para não me ver
Um dia novamente trocaremos de estação
E o corpo cairá no chão como uma veste
E o de dentro virá para fora
Então os jardins só terão primaveras
Para ela voar


Recife,8 de setembro de 2010
Dedicado a Fernanda Gomes Freire
Link p imagem.
Também postado na Fabrica de Letras

domingo, 5 de setembro de 2010

248> AS AFIADAS LÂMINAS DA INFÂMIA


Só falei após aquelas infames palavras
Sem me importar se estaria atrasado
Nem todos podem encarar a razão
Tombados nas suas próprias misérias
Afogados nas suas próprias desculpas
Veículos inconscientes dos alheios
Mas disso eu bem sabia

Por ultimo a graça de estar amparado
Se meu retorno foi a muito preparado
Desci e subi novamente
Antes perdi minha luz naqueles vales
A razão escorreu entre minhas mãos
Não me perderei novamente
Nas mesmas prisões de meus amigos
Meus mistérios são meus
Ate o meu retorno

Adormeço e vejo tudo que tenho
E percebo o quanto o invisível é visível
E para onde vão meus sorrisos puros
Sofro meu pesar com olhos de rubi
Pelo que se foi nas areis do tempo
Que leva fresco e trás seco
Mas existem coisas incompreendidas
Veladas ate o fim
E nelas o maior propósito


Recife,5 de setembro de 2010

247> DEPOIS QUE A MORTE CHEGAR

O manto púrpura, o cetro e o trono
As formas cheias de luz
E os fantasmas negros
Estou tonto e minha pele esfria rapidamente
Acho que aprenderei outras lições
Meu tempo acabou
Acabou

Acedam as luzes para o barão
Enquanto sua boca se enche de sangue
Espinhos internos e flores externas
Vazios, vazios

Os sonhos de amor desfeitos
Agora verei novamente sua face
A mesma que procurei por toda vida
E agora procurarei no céu ou no inferno
Venha voltemos para casa
Depois que a morte chegar

Corra pelos campos floridos
Com seu vestido ao vento
Eu chegarei depois eu dissera
Sem saber o quanto depois

Volte para o litoral e mantenha distancia
Essa noite serei livre para voar ao luar
Amanhã acordaremos em outra data
Perdidos na imensidão das dimensões
Não irei
Decidirei pelo amor
Mas manterei a distancia
Ate a ultima convulsão de um mundo
Que desapareceu em lagrimas
Por você


Recife,5 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

246> AS ERAS DO FOGO E DA ÁGUA



Nos caminhos que percorreram meus grandes magos
Castelos de areia sob o fim das madrugadas escuras
A exata linha na senda dos verdadeiros peregrinos
Nosso mundo flutua imerso em um mar de energia
Nossa realidade afunda submersa em pobres sentidos
Mas se sempre sabemos onde o sol nasce
Apontar as sombras é irrelevante

Um tempo de intenso vigor foi o ciclo anterior
Queimando na lembrança daqueles que o viveram
Ferro e fogo precederam a água e o ar na terra
E assim o oceano levou aqueles anos dourados
E assim o céu levou os filhos do arco-íris
E o mar foi preenchendo cada reentrância
E de nós foi apagada a mais remota memória

Agora somos espelhos de todos que viveram
Construímos sobre o que já havia sido feito
Como os líquidos não podem ser contidos
Nós estamos sempre a se moldar
Uma avalanche final de paixões destruidoras
Ou um cristalino lago de emoções sublimes
A água trilha caminhos feitos pelo fogo

O horizonte flameja ao encontrar o disco solar
A água radiantemente reflete a brilho da lua
Que reflete fluidicamente o brilho do sol
E em si tudo se reflete
E assim as duas pontas se tocam
É assim que os princípios se completam
É assim que fogo e água se amam


Recife,primeiro de setembro de 2010
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